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Arquitetos: Mayer & Selders
- Área: 245 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Dirk Mayer, Paulo Vasconcelos
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Fabricantes: ACO Drainage, Amorim, AutoDesk, Ezarri, JNF, MACIÇA, Ofa, Saint-Gobain, Sanindusa, Teka, Topciment, deck banema
Descrição enviada pela equipe de projeto. A construção do “Pé de Cacau” concretizou-se, numa estreita faixa de território entre o Oceano Atlântico e um talude natural rochoso de formação vulcânica, sensivelmente a 30 metros acima do nível do mar. O terreno, com 3000 m2, estende-se em altura em cerca de 20 metros, ao longo do qual se distribui o programa arquitectónico em volumes fragmentados que diluem o seu impacto na paisagem e, simultaneamente, proporcionam a criação de pequenos espaços de uso privativo a cada um dos 4 estúdios construídos.
Adoptou-se uma forma de organização do terreno enraizada na cultura construtiva local que consiste na edificação de patamares sucessivos, apoiados em muros de pedra basáltica. As construções acompanham os novos socalcos criados, numa atitude de continuidade com alguns muros já existentes no local, culminando numa plataforma alongada, a um nível superior, que contém uma área de lazer comum com piscina de transbordo, duche exterior, solário em deck de madeira, fumeiro e cozinha exterior para convívios sob um alpendre em madeira maciça com sombreamento em vimes e revestida a policarbonato translúcido. A pedra de basalto é, também, aplicada em caminhos e terraços, sob a forma de calçada picada, sublinhando a continuidade com as formas de construção local.
Os estúdios, de tipologia T0, abrem-se predominantemente para Sul, beneficiando das vistas sobre o mar e sobre a escarpa do Paúl do Mar e são constituídos por uma zona de estar com kitchenette, uma zona de dormir, uma casa de banho com duche e ainda um espaço exterior coberto privativo. A sua construção foi executada em estrutura de betão armado com paredes em alvenaria de blocos de cimento e revestimento exterior em reboco pintado a branco aplicado sobre uma camada de isolamento térmico em painéis de aglomerado de cortiça que, em conjunto com as caixilharias em madeira maciça e vidros duplos proporciona conforto térmico e acústico às construções.
As coberturas planas são ajardinadas, o que proporciona uma integração mais harmoniosa com todo o arranjo paisagístico que envolve cada patamar. As plantações com espécies típicas da região e outras mais exóticas encontradas em exclusivo nesta propriedade ficaram a cargo do proprietário e lançaram o mote para este projecto, cujo conceito partiu do desejo de construir um suporte para albergar uma colecção de plantas única que além de apresentarem carácter didáctico, através da identificação de cada espécie participam, também, na criação de ambientes dotados com maior privacidade, orientando as vistas para a paisagem, filtrando e protegendo a vivência neste local contra os ventos fortes provenientes do Atlântico que esporadicamente se fazem sentir neste local.